O que falar sobre o tempo? A era da continuidade, do
ter, das razões do crer?
O profundo interesse do aprendizado da arte da
leitura é reconhecer o efeito duradouro e orientar sob a influência de um
conhecimento, desenvolvendo o desejo de dedicação do tema proposto.
As várias teorias atraem fortemente o interesse das
pessoas porque oferecem esperanças de extraordinário progresso na compreensão
do mundo, bem como oportunidades de marcar o ensino da nossa época, sob a
validação de uma permanente resistência científica.
Do ponto de vista clínico, o tempo é uma influência
tolerável capaz de tirar alguém de uma condição de miséria, ou recair na
ignorância ou desejar jamais alcançar, fracassando na amnésia de uma mera
sugestão clínica.
Tentar compreender o segredo da descoberta,
generalizando através de casos isolados é algo enriquecedor porque entre as
obras e os resultados, residem os sintomas histéricos, nos fatos da vida do
paciente, rastreados pela análise clínica, atingida pela recepção e ao mesmo
modo desconfiança, podendo desencorajar o profissional e ao mesmo tempo,
favorecer as pesquisas.
O desempenho do analista consiste em confrontar a
incredulidade e contradição que envolve o peso da influência pessoal do
paciente e da pessoa do analista, numa condição de amor transferencial que
suscita admiração e crítica aberta, que se manifesta no paciente entre a
insistência e a recordação, testando-o e esclarecendo-o.
Quando o ego recua diante do impulso do Id, o
mecanismo da repressão pode tornar a psicoterapia como algo aparentemente
ignorante e sem valor porque entre erros e avanços, o método pode ser taxado
como sedutor, invenções de pacientes ou golpes financeiros.
Todas as diferentes variações e conseqüências dos
trabalhos psicológicos com seus métodos de pesquisas e teorias se constituem
numa mescla de verdade e erro, porque entre deixar o paciente convencido ou
atônito de algo, não podemos deixar de considerar os fatos e os próprios
desejos dos pacientes.
Não é possível preconizar no
processo a consideração ou retirada das trilhas do tempo, no sentido de que o
período dedicado à análise não se constitui como desenvolvimento e resultado da
análise.
Dentro do tempo cronológico, temporal, a experiência
clínica revela que o complexo da neurose tem um ponto de junção específico que
se reprimi, inclina e especula o papel e importância das impressões e
afirmações acerca do achado como resultado terapêutico, num estado atemporal
aonde permeiam complexos emocionais enigmáticos inconscientes.
Quanto ao que resta ao analista que é a contemplação
da “distância” entre as reações sintomáticas envolvendo culpas e restrições
éticas, poderemos supor a possibilidade de um fato formar um círculo complexo
de ambivalência substitutiva como propósito do tempo.
A base psicológica sobrevive à base do seguimento da
linha de raciocínio desenvolvida, que pode ser ampliada, aprofundada, corrigida
ou encerrada, dependendo da psicologia do analista e da psicologia do paciente.
No começo do tratamento, os sintomas e personalidades
interessam de tal forma que há grande dedicação de tempo para alcançar ou
tentar recuperar no uso da técnica uma concordância limitada, entre a
recriminação, hesitação e agitação do paciente.
O medo de responder sobre as recordações de visões do
passado ou a tentativa de redução das recordações dessas lembranças aonde o
analista pontua para tentar influenciar a descoberta das causas desses
sintomas.
No segundo momento, o
relato sobre o sofrimento pode acontecer numa única frase e numa sucessão tão
rápida de tempo que poderia ter sido constituído numa única sessão, aonde os
sintomas e afetos associados são separados, levando o paciente a grandes
esperanças no tratamento pelo convencimento do exemplo surgido.
Acontece, que, num
momento posterior, quase seqüenciado, então, como que, em ordem cronológica, as
reclamações e expressões de incômodos estranhos podem surgir por outro período
de tempo, de modo que o analista pode se julgar como idiota, caso não esteja
preparado em análise e saiba como proceder.
A contrariedade de
expectativas, quadros de excitação profissional, longas séries de exemplos de
experiências, alternadamente aflitivas e irritantes, acompanhadas de muita
animosidade e demonstração de grande senso de humor, são situações entregues
aos cuidados dos analistas.
O tratamento é reiniciado
a cada sessão, gerando uma experiência instrutiva, sob a observação e descrição
dos pormenores do analista, disposto a dar seqüência ao tratamento.
Dessa forma, penso,
que o tratamento se reinicia a cada sessão com a entrada do paciente e se rompe
a cada saída do mesmo, aonde o tempo do relógio parece ser sacrificado todos os
dias em busca dos bons resultados pelos quais os profissionais lutam há tanto
tempo, gerando a beleza da vida no “alvorecer e por do sol” dos sintomas dos
pacientes a cada encontro, seqüenciados nos “genomas” da vida, escritos nos
prontuários psicológicos.
A
sugestão que deixo aos colegas é que entre a contagem e a ocorrência do tempo,
o profissional se dedique inteiro àquele momento que terá consequências eternas
nas vidas postadas no divã da confiança e no sofá da credibilidade; cujo
diferencial no atendimento é prestar atenção no segundo incisivo inserido no
minuto do discurso, sabendo a hora de pontuar e extrair o que parece ser
eternidade do coração e da mente dos que nos apresentam a própria vida, aonde
temos a oportunidade de transcrever e traduzir, como cuidadores, na verdade, a nossa
própria história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário