sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

REFLETINDO SOBRE A CONVERSÃO RELIGIOSA NUMA PERSPECTIVA TEOLÓGICO/PSICANALÍTICA

1º. MOMENTO: PARADOXAL DE EXTERIORIZAÇÃO DO LIBIDO E CERCO DA CONSCIÊNCIA:
O processo de conversão se inicia com uma abertura instintiva inconsciente da constatação de que a personalidade é desvalorizada pelo social, originando traumas e a falta de perdão gera uma perda de permanência no trabalho produtivo ou stress, tirando o foco definido da responsabilidade cujo mecanismo de defesa repressor acaba indo contra a consciência da pessoa que não quer saber de nada, mas ao mesmo tempo questiona a falta de ordem e do cuidado pessoal a que esse período associa, interiormente, como que se estivesse se sentindo descoberta de algo ou devendo algo a si mesma, sem saber o que seria, num processo inconsciente de tentar dar sentido à vida.

Numa fase posterior, o excesso de energia psíquica gerado na fase anterior gera impulsões orgânicas, aonde o paradoxo prazer e negação do prazer como recompensa ou punição precipita a uma massificação ou exacerbação de uma prática tornada viciosa, gerando divisão dentro de si mesmo(a), e ao mesmo tempo uma insensibilidade egoísta de oposição e escárnio aos valores morais confrontadores, formando reativamente uma fixação de idéias opostas ou contrastes, dificultando a abertura ao diálogo e ao mesmo tempo achando-se despreparado ou rejeitado à companhia de alguém, carecendo de uma mediação ou reflexão incisiva por parte algo externo.

Na terceira fase, essa busca pelo prazer gera o desejo e ao mesmo tempo a rejeição de si mesmo(a), aonde a alienação cultural e a acepção pessoal confronta o sentido da vida da pessoa que passa por esta crise de experiência, ora constrangido, ora sendo injusto, numa crise de valores que projeta atribuições e problemas aos outros como forma inconsciente de querer substituir a falta da presença de autoridade e de apoio, aonde o presente é uma angustiante e depressiva rememorização do passado gerando angustiosa e deprimente expectação futura de opressão, agonia, desprazer e punição pessoal.

2º. MOMENTO: CONCEPÇÃO DE IDEOGÊNICA CONFLITIVA:
Após o período em que a insensível falta de foco e confrontação do sentido da vida, pelo instinto, impulso orgânico e desejo de prazer do Id quer delimitar a vivência comportamental, segue-se a quarta fase aonde  a mente constata a necessidade de regulação e redefinição de papéis, carecendo de um modelo aonde os estímulos externos possam ser lidados, as experiências decorrentes deste processo possam ser armazenadas e haja aprendizado e modificação da persona única e original intriseca de cada pessoa.

Inicialmente, na quarta fase, a necessidade de apoio e de ajuda enfrentam um relativismo moral que gera a perda do desejo de prioridade e ao mesmo tempo uma crise de autenticidade na busca pela vocação, ocasionando rebeldia e acusação que podem gerar uma regressão mental influenciando num comportamento abusivo de achar que merece algo quando se acha agredido pela falta de prazer requerido, visto que a falta de influência pessoal ao meio aonde vive gera necessidade de afeto parental, conjugal, fraternal ou social, redimindo e libertando O Ego do desejo de ser servido, carecendo esvaziar-se preenchendo-se com um novo desejo de servir e ser valorizado pelo outro.

Na quinta fase, as experiências armazenadas exibidas no egoísmo, oportunismo e inveja de se achar dono da verdade, leva-e-traz e ser acomodado pela crise de autenticidade da fase anterior, que gerou indisciplina opressora interior, aprisionando a si mesmo por uma política pessoal que quer negar o sofrimento, numa crise de conceitos, aonde o medo e dúvidas são chamados à uma racionalização ainda que gerem desculpas e motivos aparentemente justificáveis, cuja falta de conteúdo reflexivo gera o desejo de busca pela reconciliação e paz interior, ainda que a busca do sentido da vida aumente e se a pessoa se ache num vazio inconsciente cada vez maior,

Na sexta fase ao aprender a modificar sua indisciplina mental, pela concentração na busca de superar o sofrimento de vazio, as artificialidades que geram falta de atitude mediante a necessidade de uma palavra ou comando mental, que geram crise de identidade, descrença e escândalos, negação, recusa em reconhecer a situação ou recaída no processo de mudança interior, oriundas da falta de cumprimento para consigo mesmo, ao ordenadas à supressão mediante a busca de algo que transcenda o que carece a mente, numa oportunização de entrar em contato com algo novo transpessoal, abertura ao aprendizado mediante o sofrimento, gerando sede e fome de saber transformador.

3º. MOMENTO: PSICOTERAPIA RESSIGNIFICATIVA:
Após o abuso da crise conceitual e processual mental, aonde a pulsão do ID, o ajustamento do Ego carecem de um tratamento psicoterápico interior de auto-consciência, mediante a inibição dos impulsos sem moral do Id, a tentativa de um comportamento forçado do Ego, necessitam ser conduzidos à perfeição ou “homeostasia racional”  cujos gestos, pensamentos e palavras venham a refletir na pessoa a superação da falta de fidelidade à busca do sobre-natural, ainda que inserido no pessoal, de maneira afetivo-cognitivo.

Na sétima fase, os impulsos imorais ou amorais que especulam uma falta de preservação da sanidade mental e da realização cognitiva, que geram crise de discernimento, acusando afronta e falsidade, deslocam e mudam sentimentos para outras coisas, substituindo faltas por exacerbações vocabulares ou desejos de atividades egoístas, aonde a pessoa se sente perdida, carecendo urgentemente tomar atitudes e decisões que irão mudar o curso de suas vidas.

Na oitava fase, a carência de atitude decisória se intensifica no superego aonde os comportamentos forçosos que inconscientemente são como mensagens subliminares, gerando uma estranheza e falta de intimidade consigo mesmo, como que “se estranhando ou se desconhecendo” numa crise existencial, com grandes e graves lutas interiores, aonde a identificação do caráter, da essência do que se é assimila características de outro modelo, levando a constatação da falta de zelo para consigo mesmo e uma convocação pessoal introspectiva e holística a algo superador, motivador e novo que venha a gerar paz interior e auto-estima.

Na nona fase, este preço pago à condução da perfeição de quem somos, do que ensejamos e do que desconhecemos é instituído a nosso favor em meio à uma crise de fé em nossa falta de preparação e mediante uma guerra espiritual, contra os valores sociais, culturais, interpessoais e intra-pessoais, aonde a introjeção ou sublimação da pulsão do libido é ressignificada, integrada como  nova crença a ser canalisada por causa de novos afetos associados à reflexão do absoluto e da comprovação na integração com um novo meio em empatia dialógica, canalisando as energias para algo aceitável, aonde a antiga falta de correção foi transformada em propósito de vida.

A abertura do instinto curioso que gera o impulso do desejo de ter o prazer do conhecimento, provoca estímulo para armazenar o novo, modificado e aprendido, de forma que os impulsos são inibidos, os comportamentos são forçados e há um progresso desenvolvimento em harmonia (Novo Nascimento)

Esse processo é retilíneo na pessoalidade acumulativa histórico-existencial, cíclico em sua operativa mental-comportamental diária e espiral em sua projeção visionária dialogal, aonde somos impelidos numa liberdade de sermos edificados no ontem, consolados no hoje e exortados no amanhã, que teologicamente se baseia na tríade-conversão-comunhão-adoração = salvação.


Jesus redefine isso como tomar a cruz do Id, negar o seu EGO e seguir o SUPEREGO aonde o inimigo veio matar os relacionamentos, destruir a reflexão para roubar a revelação. No complexo de Édipo a Tríade PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO são rememorados na Tríade PAI, FILHO e MÃE, denotando que a autoridade e a conservação carecem da recepção e aplicação conjugada, saber receber no Id o que o Ego gera advindo do Superego.

A cada dia devemos procurar crescimento espiritual, num processo de conversão diária a Deus, cuja produção da fé será confiança relacional, esperança mental e fé salvadora em Deus, de quem somos, vimos e iremos, fazer parte com a glória que nos esteve preparada; basta queremos, pois tendo ou não tendo se quisermos, poderemos ser o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário